7 pessoas que poderiam voltar dos mortos para se defender da má fama que ganharam


Se quando você não está por perto, as pessoas já distorcem o que você diz (exemplo rápido: você diz “Eu gosto de Elton John” e as pessoas comentam “eu vi o fulano saindo da boate gay ontem a noite”), imagina, depois que você morrer, as barbaridades que vão dizer sobre você. Uma coisa sábia a se fazer, neste sentido, é procurar chamar o mínimo de atenção em vida, se esforçar para ser um renomado zé ninguém, e assim não despertar a curiosidade de ninguém nos anos seguintes. Outra sugestão é levantar da tumba e chamar uma coletiva de imprensa para esclarecer algumas coisas. O Puxa Cachorra! listou sete sujeitos famosos que merecem um direito de resposta.

#7 Platão

Como ficou conhecido: como o cara que criou a expressão “amor platônico”, que, basicamente, serve para designar qualquer coisa que um menininho de 1ª. série sinta pela professora ou a obsessão de algumas tias por atores de novela.
Se voltasse, Platão poderia esclarecer, em primeiro lugar, que por mais vaidosos que os gregos antigos fossem, ele não teria a cara de pau de inventar uma expressão com o próprio nome. Mas, além disso, ele devia mesmo explicar que “amor platônico” não é ninguém que você não vai pegar jamais, mas sim a união mental entre dois homens de túnica azul clara na Grécia Antiga. Eu não acho que as pessoas iam gostar muito do Platão, se ele voltasse.
Apesar da imagem, Platão não tinha um coração de pedra (tum dum dum tssss!)
E, aproveitando o momento, a gente poderia perguntar por que paçocas ele deu o nome de “Diálogos” para um livro em que só o tagarela do Sócrates fica falando, enquanto as outras pessoas só sabem balançar a cabeça e dizer “claro, senhor Sócrates”, “com certeza”, “como o senhor tem a barba bem cuidada, senhor Sócrates”.

#6 Nicolau Maquiavel

Como ficou conhecido: como o cara que escreveu O Príncipe e disse a frase “Os fins justificam os meios”
Assim como Ronaldo, Maquiavel estava fora de forma no final da carreira.
Se voltasse, Maquiavel podia meter um processo em todo mundo, porque ele JAMAIS escreveu que os fins justificam os meios. Aliás, qualquer juiz professor da Unip daria ganho de causa para um sujeito que, além de mal-citado, ainda serviu de modelo para um adjetivo que, entre outras coisas, é usado para denominar bruxas de contos de fadas. O pobre do Maquiavel escreveu uma obra fundamental sobre a organização do estado, mas por quase 500 anos, as pessoas acham que ele escreveu mesmo um livro sobre como passar a perna nos outros.
E, aproveitando o momento, ele podia explicar também que “príncipe” vem de “principal”, não de “marido da princesa”.

#5 Pedro Álvares Cabral

Como ficou conhecido: como o cara que descobriu, por acidente, o Brasil
Na caravela, a piada da viagem era: vai descer todo mundo ou só Caminha?
Se voltasse, Pedro Álvares Cabral teria o direito de esganar todas as professoras de primeira a quarta série, que insistem com seus alunos que ele encontrou o Brasil por acaso, porque se perdeu no meio da viagem para as Índias. Apesar da fama atual dos portugueses de ser uma espécie de bunda da Europa, nos séculos XV e XVI, eram eles quem davam com o pau na mesa no planeta inteiro, e podem apostar que não conseguiram isso colocando incompetentes para comandar as caravelas.
E, aproveitando o momento, ele também podia deixar claro que não gritou “Terra a vista” como se fosse um lateral-esquerdo do Flamengo nascido na Barra da Tijuca. O português daquela época – há, viva meu diploma de Letras – era parecido com o de hoje.

#4 Getúlio Vargas

Como ficou conhecido: como o cara que ajudou os trabalhadores e escreveu “saio da vida para entrar na história”, antes de comer uma bala juquinha sabor chumbo.
Quando eu morrer, também quero que cada cidade tenha uma avenida com meu nome.
Se voltasse, ele deveria procurar o sujeito que realmente escreveu essa frase – junto com o resto da carta de suicídio – agradecer e lhe dar os parabéns pelos créditos recebidos indevidamente. Alguém que escreve uma frase de efeito tão cabreira feito essa, definitivamente, não se mata depois, ou pelo menos não se mata de verdade, mas vai se esconder em São Sebastião do Paraíso e fica de olho nos jornais para ver a repercussão. Getúlio pode ser o pai dos pobres e do décimo-terceiro, mas essa botaram na conta dele por camaradagem.
E, aproveitando o momento, ele poderia dizer para a gente se gosta de ser interpretado na tv, exclusivamente, pelo Osmar Prado.

#3 Karl Marx

Como ficou conhecido: como o cara que disse que o capitalismo tem que acabar.
ops, me confundi com as imagens.
Se voltasse, ele poderia visitar vários campus universitários, dar palestras, aplicar uma prova de conhecimentos sobre seus livros e depois reprovar todo mundo pelas bobagens que andaram dizendo no nome dele. Em um pronunciamento oficial, Marx também poderia esclarecer que não gostar de comer no McDonald’s não te faz um marxista (ainda mais se você for comer no Bob’s depois), muito menos andar de sandália e roupa rasgada. Voto de pobreza era com São Francisco de Assis.
E, aproveitando o momento, nós podíamos perguntar para ele que moda era aquela de pintar só o bigode, no século XIX.

#2 Guimarães Rosa

Como ficou conhecido: como o cara que escreveu Sagarana e uma porção de outras obras que, sejamos sinceros, ninguém aqui é inteligente o bastante para entender.
Francamente, hein!
Se voltasse, ele poderia pegar cada monografia e artigo sobre seus livros, empilhar tudo, colocar fogo e gritar: “eu nunca quis dizer nenhuma dessas coisas”. Nós entendemos que, falando do sertão de Minas, ele estava mesmo era falando do Universo, mas isso virou sinônimo de festa do caqui maduro: se um cacto aparecer mais de uma vez num trecho de alguma obra, alguém já defende um mestrado entitulado “A fenomenologia e a construção do indivíduo áspero em Guimarães Rosa: uma análise semiótica dos espinhos da página 12 de Sagarana”.
E, aproveitando o momento, ele poderia trazer um recado: “O Machado mandou avisar que a Capitu traiu o cara mesmo; agora sosseguem”.

#1 Jesus Cristo

Como ficou conhecido: como o cara que morreu na cruz e voltou depois de três dias, multiplicou pães, fez um cego enxergar etc. O curriculum d’Ele é bem extenso.
Se voltasse, Ele, no alto de sua paciência, poderia nos assegurar de que os apóstolos fizeram uma transcrição exata dos seus sermões. Logo, em momento algum, escrito na Bíblia ou não, Ele disse coisas como “Odeie os homossexuais”, “Matem os árabes”, “Invadam o Iraque para tomar o petróleo” ou “Sempre que vocês ganharem um jogo de futebol, digam que foi porque eu quis”.
E, aproveitando o momento, Ele poderia tranqüilizar todos nós dizendo que 2012, no calendário celeste, não está marcado como fim do mundo inteiro: é apenas a data de lançamento do próximo disco do Latino.

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